sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sentou-se, em jeito de vencida. A loucura trocara-a agora por um lar de terceira idade, onde olhares apartados contemplam mãos encarquilhadas hora sobre hora, eternidade sobre eternidade.
Ajeitou o lençol -o ténue frio de agosto começara a revelar-se, poros adentro- temendo vir a sentir-se. Tinha prometido anular tudo o que pudesse tocar-lhe, um acordo com deus, que era ela. Deixaria de sentir, para que pudesse saber-se, deveras. Deixaria de saber-se fisicamente, anularia o corpo de deus: o cálice estava entornado sob o chão do altar, as rendilhadas e frágeis toalhas embebedeciam-se com o corpo de deus, outrora vinho, outrora cacho, outrora semente, outrora nada. Nada. Perpetuamente, o nada. A falta de matéria, a ausência infinita dela, de tudo o que pudesse ser. Seria algo tão singular quanto lhe apregoavam, o silêncio do ranger do esqueleto?

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