sexta-feira, 20 de abril de 2012

lançou-se de cabeça, a escrever contra o coração-
o quebrado, e de copo cheio, foi deixando escorrer

a informação acumulada em camadas,
nas rochas,
na roupa,
nos troncos,
nas mãos,
de mãos dadas.
de mãos dadas contigo,

cá dentro de nós.

domingo, 15 de janeiro de 2012

despia-se.
se pudesse fazê-lo sempre, para sempre fá-lo-ia.
há poucos dedos para contar o quanto cansa ser-se sempre,
porque nunca chegamos completamente,
nem com o tempo,
nem
"and i told you,
you"
a falta da pausa entre as palavras, e das palavras,
a arrastar para becos escuros,
para a falta,
sempre,
de sempre,
de se despir.








quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Encostava-se ao canto,
e ficava a contemplar a tinta a pingar, vagarosamente,
como se fosse a tela feita de tempo,
como se fosse ela ser feita de tempo,
como se o tempo pudesse ser matéria.

Como se a matéria do tempo pudesse ser (d)ele.


domingo, 27 de novembro de 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

A cidade é agitada por turbilhões de fados, e as guitarras perturbam-me as cordas, as trajectórias pré ponderadas. O barulho do x-acto a encostar-se ao vidro da mesa onde pouso o ímpeto, faz subir-me pela espinha o alvoroço e o estranhamento, próprios de quem nunca se pressente.

Depois a negrura, para reaver a paz. O pão "nosso" de cada dia.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011


e ele,
os veios (da madeira selvagem) que traz nas mãos,
e eu,
a espera (de sempre) que trago ao pescoço (de sempre).

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O quarto já não era o mesmo - na mesma rua, dentro da mesma casa- e o universo, dentro da sua finitude, havia-se desviado.
As palavras vinham chegando em correio desapressado, como se presas por fios muito pouco estáveis, cada vez menos reais e sempre mais longos- as linhas da mão a prolongarem-se, as rugas, com o tempo.
O espelho permanecia ao lado da porta, como se fosse, a qualquer momento, escapar ao rosto invertido.
Tudo no quarto parecia correr, quando o certo, é que sofria de uma quietude doentia.

domingo, 25 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

As formas do fumo expandem-se numa calmaria intensa,
contraem-se pelo ar,
como se em constante trabalho de parto.
No fim não nasce vida, nem morte.
Apenas um cemitério de cinzas lhes fica para trás.
E eu vou-me com elas, universo adentro.